[Leitura] A Revolução dos Bichos

Leave a Comment
A Revolução dos BichosAutor: George Owell (Pseudônimo de Eric Arthur Blair)
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2007
Páginas: 147
Avaliação: 5/5 

Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, "A Revolução dos Bichos" é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos
Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética.
Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A Revolução Dos Bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto.
A primeira vez que me deparei com o conceito de Comunismo há uns bons anos, ainda na escola, eu pensei comigo: "Nossa que legal!!!! Por que não somos todos comunistas?? Um mundo onde tudo é de todos, trabalho igual, ganhos iguais, que sonho! Capitalismo é um horror, bom é o Comunismo!"

O engraçado é que essa frase se pareceu e muito com "Quatro patas ruim, duas patas bom". 
Será que somos todos uma maioria de ovelhas? 
Ou porcos, que começam com uma ótima intenção e acabam satisfazendo seus próprios propósitos quando adquirem o poder?
Pois a triste e deprimente impressão que eu tenho é que ou somos um ou seremos o outro.


Não imaginava que a leitura seria tão divertida quanto foi. A metáfora é tão bem aplicada que cada ação, cada resposta, cada conflito me fez refletir. Ao mesmo tempo que é hilário, também é triste saber o quanto somos ainda manipulados por informações distorcidas, meias verdades e omissões para um "bem maior".

Esse livro foi criado com o intuito de abrir os olhos e criticar um regime que até então ninguém questionava, não abertamente pelo menos. Mas ideologias lindas no papel normalmente são distorcidas na vida real, fazendo com que esse livro seja um clássico atemporal por, pelo menos para mim, poder ser aplicado além desse universo subversivo.

"Quer dizer que ganhamos o que já era nosso?"

Provavelmente Karl Marx e nosso querido porco Major tiveram as melhores das intenções quando propuseram essa sociedade igualitária, mas não viveram para ver o quanto suas palavras foram transformadas em algo extremamente grotesco, o que era para ser altruísta virou egoísta, o abnegado virou escravo e os iguais....bem, parafraseando essa obra, uns ficaram mais iguais que outros.

" ...Havia chegado uma época em que ninguém ousava dizer o que pensava..."

Apesar da leveza da narrativa me vi impactada com o final. Ele fechou o livro com uma sabedoria sem tamanho e conseguiu dar o a última cusparada de forma épica. Ainda nessa edição linda da Companhia das Letras há alguns apêndices, que foram tão enriquecedores quanto o próprio livro.

"...Aqueles que renunciam à liberdade em troca de promessas de segurança acabarão sem uma nem outra."

Essa é uma obra prima que deveria ser leitura obrigatória, são poucas páginas que falam muito, as reflexões permanecem enraizadas dentro de você. É daquele livro que mesmo quando acaba, ele não termina. LEIAM!




0 comentários:

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.