Editora: L&PM
Ano: 2011
Páginas: 207
Avaliação: 4\5
Nesta análise das mazelas do matrimônio enquanto cerceamento da mulher, o autor retrata o casamento como pilar da sociedade burguesa (pós-revolucionária, 'o encanto do amor desapareceu em 1789') na França. O autor traz uma imagem da situação de mulheres curvadas sob o peso de suas obrigações sociais e legais.
Muito se fala da “Mulher Balzaquiana”, aquela que está na
casa dos trinta e que, segundo Honoré de Balzac, é a época em que a mulher vive a
plenitude dos seus sentimentos e pode verdadeiramente vivenciar o amor. Eu, mulher presente nessa faixa etária posso concordar com certa propriedade sobre as máximas mencionadas por ele, basicamente nós "Balzacas" não somos escolhidas mas temos a vantagem de escolher. Uau! Girls Power! Alguma vantagem o tempo tem que trazer não?
Este livro faz parte de uma coleção, "A Comédia Humana - Cenas da Vida Privada" formada por 95 obras concluídas e 48 inconclusas. A própria "Mulher de trinta Anos" já é uma
compilação de vários textos independentes e para quem não sabe, o autor editou-o várias vezes criando versões com capítulos estendidos entre outras mudanças, mas com uma personagem central e
comum, Júlia.
Por conta disso se você pegar esse livro sem essa informação vai parecer desconexo em alguns momentos, de um capítulo a outro quase não há links mas aos poucos você
vai se adaptando a essa peculiaridade.
Acompanhamos toda a mocidade e vida adulta
de Julia. Percebemos como a idade e inexperiência nos fazem optar por escolhas
mascaradas. A principio tudo o parece
perfeito, o bonito parece certo, o superficial é tão comum que nem se cogita a profundidade de nada, não é tentador. Embalagens bonitas podem ser nossa primeira escolha, mas será a mais duradoura?
Há muitas reflexões nas entrelinhas, são camadas de um romance desventurado misturado com observações sobre aquelas coisas que quase ninguém nota, um cotidiano visto por uma lente de aumento e esmiuçada em observações muito pertinentes.
Somos expectadores das escolhas e consequências da vida da protagonista, mesmo que na maioria das vezes desafortunadas, não deixamos de torcer e até mesmo se ver ali em algum momento.
O final destoou um pouco, mas quando levamos em consideração a independência das seis partes que compõem a obra vemos o quanto daquilo foram "recortes" da vida de uma mulher, percebemos que a intenção não era contar um história com seus detalhes cronológicos e sim desnudar uma mulher, seus pensamentos, medos e dúvidas, então quase fica tudo bem....quase....
Super indico, a leitura não é das mais simples mas também não daquelas super rebuscadas, a narrativa causa curiosidade e ficamos ansiando quais serão os próximos desdobramentos na vida dela, há cenas de muita paixão, e Balzac soube tirar visões lindas de episódios simples.
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