Editora: Intrínseca
Ano:2011
Páginas:240
Avaliaçã: 4/5
Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite.
Quando peguei esse livro para ler já estava preparada psicologicamente para ter sangue jorrando na minha cara a cada virada de página. Tinha lido umas resenhas e infelizmente peguei alguns spoilers, e posso garantir que não é nada de tão horripilante assim.
É claro que existe uma tensão, mas ela na maioria das vezes é psicológica. Todo o livro é contado pelos olhos de Shelley, a princípio ela é uma menina assustada, que não reage, se deixa ser humilhada de várias maneiras possíveis. Mesmo assim eu não tive raiva dela, consegui entendê-la, é triste mas realmente existem pessoas assim, principalmente na adolescência, período em que ao mesmo tempo em que somos corajosos somos também mais vulneráveis, sentindo sempre a necessidade de provar alguma coisa a alguém.
"Saber o que aconteceu depois me faz pensar em como a aparência e o comportamento delas em relação a mim mudaram na mesma época. Sempre me perguntei se existia alguma conexão. Nossa aparência afeta nossa personalidade? Ou é nossa personalidade que afeta nossa aparência? A pintura corporal para um guerra transforma um índio covarde em um guerreiro corajoso?...(Pg. 20)"
Depois do acontecimento ocorrido após o aniversário de 16 anos da Shelley, é palpável a mudança de personalidade nas duas. De uma maneira muito destorcida e me sentindo culpada eu gostei disso. Foi legal vê-las mais corajosas e destemidas. Adorei a relação entre elas, apesar de todas as coisas horríveis, sempre houve muito amor e companheirismo ali.
Sei que sou um rato e que estou me escondendo de todos em meu ninho aconchegante, atrás dessas paredes, mas minha vida de rato é repleta de todas as coisas boas que existem: arte, música, literatura...amor. (Pg. 50)
Ficou bem claro que uma decisão ruim pode levar a um caminho desastroso, no decorrer da história assistimos à bola de neve ficando maior e maior até chegar um ponto em que você espera por qualquer final possível. Eu gostei da conclusão, achei que apesar dos pesares elas mereceram esse desfecho. Não sou nenhuma expert em thrillers mas eu gostei dele, os capítulos são bem curtos deixando a leitura super ágil e quando você percebe esta nas últimas páginas. E o melhor, ele é super baratinho, paguei uns dois reais no Submarino, ele sempre está em promoção e vale a pena.