Editora: Alfaguara
Ano: 2011
Páginas: 392
Avaliação: 5/5 ♥
Lolita é um dos mais importantes romances do século XX. Polêmico, irônico, tocante, narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, 12 anos, uma ninfeta que inflama suas loucuras e seus desejos mais agudos.Um dos piores e melhores livros da minha vida. Sem dúvida o mais difícil de ler.
A obra-prima de Nabokov, agora em nova tradução, não é apenas uma assombrosa história de paixão e ruína. É também uma viagem de redescoberta pela América; é a exploração da linguagem e de seus matizes; é uma mostra da arte narrativa em seu auge. Através da voz de Humbert Humbert, o leitor nunca sabe ao certo quem é a caça, quem é o caçador.
Terminei o primeiro capítulo nauseada, a maneira como ele soletra "Lo. Li. Ta" me causou um arrepio na espinha, já me vi odiando e por pouco não abandonei. Mas na minha humilde ideia de poder falar mal dele com um minimo propriedade me vi obrigada a terminá-lo.
"Lolita, luz da minha vida, fogo da minha virilidade. Meu pecado, minha alma. Lo-li-ta: a ponta da língua faz uma viagem pelo céu da boca abaixo e, no terceiro, bate nos dentes. Lo. Li. Ta."
E quem diria que se tornaria um dos meu favoritos?
Logicamente não imaginava que seriam flores, mas longe de mim pensar que a cada página ele tiraria mais cores do meu mundo. É um começo tão feio, nojento, que foi quase intragável acompanhar todos aqueles pensamentos degenerados.
Humbert é um pervertido doente. Uso a palavra "doente" contrariada, porque remete ao fato de que o portador da doença não tem domínio sobre seus atos, uma vez que é dominada por ela. Ideia que foge distante do nosso protagonista, ele tem consciência absoluta de suas ações, apesar de tentar justifica-las (das maneiras mais asquerosas possíveis) se torna paranoico e tenta encobri-las da melhor maneira possível.
A história vai evoluindo de um jeito tão peculiar que eu tenho que usar como ancora todo esse começo repulsivo para não ceder a nenhum tipo de empatia por ele.
Para quem não leu Lolita é impossível explicar o fascínio que essa obra causa. É impossível porque Nabokov ao criar Humbert criou também um sentimento que ainda não pode ser expressado em palavras. Eu senti nojo, ódio, medo, repulsa mas por outro lado é como se em uma outra realidade, um outro universo eu adoraria ele, mas aqui é inimaginável.
Lolita é apenas uma peça nesse jogo depravado. É coadjuvante, me sinto extremamente incomodada com a ideia dela ser culpada ou cúmplice, não vamos romantizar, nem criar aceitações inexistentes . Humbert é o manipulador, perverso, mente, omite faz o que for preciso para ter seus desejos concedidos.
Lolita também manipula, mas diferente dele ela se defende, sobrevive. Ele prova do seu próprio veneno inúmeras vezes, mas sua loucura acaba sendo sua própria ruína.
E são nesses pontos de loucura que moram o carisma. Sua paixão louca, seus devaneios e principalmente seu sofrimento por ela são aqueles pequenos momentos em que negamos sentir algum tipo de compaixão.
O final foi louco e dramático como todo o resto, me surpreendi bastante com as revelações e diferente do que nosso narrador diz, eu não esperava por aquilo. As cenas finais foram um tanto pitorescas, quase pastelonas mas combinaram com o enredo.
Não é uma leitura fácil, assim como a maioria dos clássicos, requer muita dedicação do leitor, não apenas o conteúdo é complexo mas também a narrativa. Queria mais notas de rodapé, principalmente nas falas em francês que não há nenhuma tradução.
Mas sem dúvida é um livro que todos deveriam ler, ele traz o pior tipo de história que pode ser criada, descrita da melhor maneira que alguém poderia escrever. LEIAM.!!!
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