Editora: Sextante
Título Original: How to Talk to a Widower
Ano: 2010
Páginas: 270
Avaliação: 4/5
Eu tentei não gostar desse livro. Eu realmente tentei. O protagonista é tão deprimido, fica o tempo todo se lamentando, chorando as pitangas. Na maior parte ele não reage, fica só naquela inércia incessante por conta da sua viuvez. Sua tristeza é tanta que não se permite seguir em frente, porque seguir em frente para ele é sinônimo de enterrar também a memória de sua ex-mulher. Pois é, eu realmente tentei não gostar desse livro. Mas falhei veemente.
Antes de tudo preciso confessar meus pecados. Este foi mais de um daqueles livros que eu comprei no submarino só porque estava barato de mais, R$ 2,00, não entendo como eles chegam nesse preço uma vez que não paga nem o frete, mas enfim, só sei que até agora não me arrependi de nenhuma dessas compras, e essa leitura quebrou alguns paradigmas já tão estabelecidos por mim.
A narrativa do livro pertence ao Doug, o tal viúvo, ele se encontra no pior momento da sua vida. Sua esposa se foi a um ano e ele não consegue tocar a vida por conta desse estado deprimido. O álcool é o caminho mais recorrente e único que parece aliviar um pouco essa dor, então sua vida ultimamente é nutrida de muito Whisky.
"Eu não preciso que você me diga que isso vai acontecer, que é inevitável. Não me iludo. Mas só porque um fato é verdadeiro, isso não quer dizer que eu esteja pronto para encará-lo hoje. Às vezes a única verdade com que podemos lidar é aquela com que acordamos a cada manhã. E hoje, como acontece em todas as manhãs, acordei com a minha dor. Sendo assim, faça-me o favor de não mexer com ela." Pg.67
Sua irmã gêmea Claire resolve se mudar para sua casa e ajudá-lo a retomar a vida. Muito maluca e com uma personalidade forte fica difícil não fazer sempre tudo o que ela quer. Na verdade toda a família dele é muito maluca e sem noção até mesmo ele nesse estado é engraçado, seu humor é acido e extremamente sarcástico.
Sua ex-mulher era cerca de dez anos mais velha que ele e tinha um filho adolescente e revoltado, Russ,este se torna mais um problema para Doug, uma vez que seu enteado não se dá nenhum pouco com seu pai biológico.
Na verdade eles não estavam a tanto tempo assim juntos, apenas três anos, mas mesmo assim deu para entender porque ele sofre tanto. O Doug é muito sensível e espontâneo, quase não tem filtro e por algumas lembranças dele entendemos como a Hailey não resistiu a esse jeito. Ela parecia ser uma mulher bem legal, e é sempre descrita como linda, inteligente e espirituosa.
Graças a Deus nunca perdi ninguém muito próximo que eu realmente amasse incondicionalmente, então não conseguia entender exatamente seus sentimentos e julgá-los certos, errados ou exagerados. Em alguns momentos as lamentações ficam repetitivas (único motivo que não me fez dar estrelas), mas no fundo deve ser assim mesmo que a pessoa se sente, algumas têm mais facilidade e são mais fortes, outras simplesmente não conseguem se desapegar ao lamurio.
O Doug se sente extremamente culpado por sua vida estar mudando em alguns aspectos para melhor, é difícil para ele absorver e aproveitar as boas oportunidades. Contrabalanceando toda a tragédia ele vai se metendo em algumas confusões, todos da sua família tem uma dose de insanidade, deixando o livro leve e divertido. Na verdade gostei de todos os personagens, desde seus pais doidos varridos até os coelhos do jardim.
Eu recomendo sim esse livro para um público mais adulto. Ele é uma excelente opção de entretenimento e me fez repensar meu gosto por gente que fica se lamentando por tudo. Isso sempre me incomodou muito em outros livros, mas nesse o autor foi tão sincero e transparente que não dava para sentir raiva ou impaciência. Ele era aquilo e ponto, sem querer fingir que era outra coisa, sem altos e baixos. Eram baixos e baixos, e depois um pouco menos baixo e assim por diante. A evolução emocional de Doug foi lenta mas verosímil.
Graças a Deus nunca perdi ninguém muito próximo que eu realmente amasse incondicionalmente, então não conseguia entender exatamente seus sentimentos e julgá-los certos, errados ou exagerados. Em alguns momentos as lamentações ficam repetitivas (único motivo que não me fez dar estrelas), mas no fundo deve ser assim mesmo que a pessoa se sente, algumas têm mais facilidade e são mais fortes, outras simplesmente não conseguem se desapegar ao lamurio.
"Ele levanta o cabelo, revelando um rabisco em forma de girino que se alonga na curva do pescoço, cercado por chamas cor de laranja, como numa história em quadrinhos...
- Legal - comento sem entusiasmo.
-Você sabe o que é? - me desafia Russ.
- Um espermatozoide em chamas?
- Vá se foder.
- Um meteoro.
- Um cometa - explica ele.
- Qual é a diferença?
- Como é que eu vou saber.
Ele acaricia a tatuagem como quem protege algo.
- É o cometa Hailey." Pg.29
O Doug se sente extremamente culpado por sua vida estar mudando em alguns aspectos para melhor, é difícil para ele absorver e aproveitar as boas oportunidades. Contrabalanceando toda a tragédia ele vai se metendo em algumas confusões, todos da sua família tem uma dose de insanidade, deixando o livro leve e divertido. Na verdade gostei de todos os personagens, desde seus pais doidos varridos até os coelhos do jardim.
Me parece que esse livro foi negociado com a Paramout, infelizmente acho que vai ficar engavetado, é uma pena porque eu adoraria assistir esse livro nas telonas, mas ele foi lançado nos EUA em 2007 e até agora nem sinal de vida. Enquanto lia só conseguia imaginar o Doug como o Bradley Cooper, achei muito a cara dele.
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